Dra Gabriella Durso Patricio

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) causa uma infecção crônica que ataca o sistema imunológico, comprometendo a capacidade do corpo de se defender contra infecções e doenças.

Embora ainda não haja cura, o tratamento com antirretrovirais permite que pessoas que vivem com HIV levem uma vida saudável e produtiva.

A prevenção também é essencial e a conscientização e o acompanhamento regular são fundamentais para o controle.

HIV

Quantas pessoas vivem com HIV no Brasil?

Atualmente, cerca de 1 milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde. 

O Brasil tem um dos maiores programas públicos de tratamento e prevenção do HIV no mundo, garantindo acesso gratuito à terapia antirretroviral para todas as pessoas diagnosticadas. 

Qual médico trata HIV? 

infectologista que trata HIV

A especialidade responsável pelo tratamento do HIV é a Infectologia.

Dra Gabriella Durso Patricio é médica Infectologista e especialista em atender pessoas que vivem com HIV. Nesse atendimento, que ela faz há quase duas décadas, ela entendeu a importância de transmitir conhecimento e soluções para o paciente, mas também acolhimento, escuta e proporcionar um ambiente seguro e de muita confiança e trocas.

O que os pacientes falam da Dra Gabriella

HIV
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História sobre o HIV

No início dos anos 1980, uma série de casos de doenças raras e infecções oportunistas, principalmente em homens jovens nos Estados Unidos, chamou a atenção dos médicos.

Essas condições eram normalmente vistas em pessoas com sistemas imunológicos debilitados e sugeriam a existência de um vírus que atacava diretamente as células de defesa do organismo. 

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) foi identificado pela primeira vez em 1983. Era o auge de uma epidemia que deixava toda a comunidade médica e científica da época em estado de alarme.

O HIV se originou a partir de um vírus encontrado em chimpanzés e gorilas na África Central, o SIV (Vírus da Imunodeficiência Símia), e acredita-se que a transmissão para humanos tenha ocorrido no início do século XX. 

Desde a descoberta do vírus do HIV até os dias atuais muitos esforços foram concentrados para entender o vírus, seus mecanismos e as formas de tratamento, resultando em grandes avanços nas últimas décadas.

Qual é a diferença entre HIV e AIDS?

É muito comum confundir HIV com AIDS, mas é importante entender que eles não são a mesma coisa. Em resumo, HIV é o vírus, enquanto AIDS é uma condição de saúde que pode ocorrer quando o HIV não é tratado. 

O vírus HIV

O HIV é o vírus que entra no organismo humano e ataca e destrói as células do sistema imunológico, em especial os linfócitos T-CD4, que são fundamentais para a proteção do corpo contra infecções.

A AIDS

Quando o vírus do HIV não é tratado pode levar ao desenvolvimento da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

A AIDS é a fase mais avançada da infecção pelo HIV, quando o sistema imunológico está gravemente comprometido e o corpo fica suscetível a diferentes infecções oportunistas (que se aproveitam da baixa defesa) e certos tipos de câncer. 

Nem todas as pessoas que vivem com HIV desenvolvem AIDS, principalmente graças aos tratamentos antirretrovirais (TARV) que controlam a carga viral e impedem o avanço da doença.

Como pode acontecer a transmissão do vírus do HIV?

O HIV é transmitido de algumas maneiras específicas, sendo as principais:

  1. Transmissão Sexual: A forma mais comum de transmissão do HIV é através de relações sexuais desprotegidas (sem uso de preservativo) com uma pessoa que vive com HIV e não faz tratamento. Isso pode ocorrer em relações vaginais, anais ou orais, sendo que a relação anal apresenta um risco maior de transmissão. O contato com fluidos corporais como sêmen, fluidos vaginais ou sangue pode permitir que o vírus entre na corrente sanguínea da outra pessoa.
  2. Contato com Sangue: O HIV pode ser transmitido quando há contato direto com sangue contaminado. Isso pode ocorrer, por exemplo, através do compartilhamento de agulhas ou seringas contaminadas, muito comum entre usuários de drogas injetáveis ou também como um acidente de trabalho (pessoas da área da saúde se perfurando durante procedimentos como coleta de sangue ou cirurgias). Transfusões de sangue também já foram uma fonte de transmissão no passado, antes dos bancos de sangue do país testarem as amostras sistematicamente para o HIV. Atualmente não acontecem mais.
  3. Transmissão de Mãe para Filho: Também chamada de transmissão vertical. Ela acontece quando uma mulher vivendo com HIV sem tratamento transmite o vírus para seu filho durante a gestação, na hora do parto ou na amamentação. No entanto, com tratamentos adequados, essa forma de transmissão pode ser zerada.

Como não acontece a transmissão do vírus HIV?

É sempre importante lembrar que o vírus do HIV não é transmitido:

  • através do ar
  • através de abraços
  • através de beijos
  • através de apertos de mão
  • pelo contato com suor ou lágrimas
  • com o compartilhamento de objetos como talheres, copos, canecas ou toalhas

Como evitar a infecção pelo HIV?

A prevenção da infecção pelo vírus do HIV pode ser feito de algumas maneiras, e a melhor delas é a combinação delas.

  • Uso de preservativo nas relações sexuais.
  • Uso de PrEP (profilaxia pré exposição).
  • Uso de PEP (profilaxia pós exposição).
  • Relações sexuais com pessoas que vivem com HIV e fazem tratamento correto, sendo indetectáveis

Como é feito o diagnóstico do HIV?

Quanto antes for feito o diagnóstico mais rápido se começa o tratamento. O diagnóstico precoce do HIV é fundamental para o tratamento eficaz e para a qualidade de vida da pessoa que vive com HIV. 

Existem diferentes métodos de diagnóstico, que podem ser realizados em unidades de saúde, centros de testagem ou até mesmo em casa.

  1. Teste de Anticorpos: A forma mais comum de diagnóstico do HIV é através de testes de anticorpos, que detectam a presença de anticorpos produzidos pelo corpo em resposta ao vírus. Esses testes geralmente são feitos a partir de uma amostra de sangue ou saliva e podem ser rápidos (com resultado em 20 a 30 minutos) ou laboratoriais (com resultado em até uma semana).
  2. Teste de Antígeno/Anticorpo: São chamados de “teste de 4ª geração, que é o que existe de mais atualizado em relação ao testes. Este exame detecta tanto os anticorpos contra o HIV quanto o antígeno p24, uma proteína do próprio vírus que aparece no sangue logo após a infecção. É um dos testes mais precisos, especialmente para detecção precoce.
  3. Testes Moleculares (PCR): Utilizados principalmente em contextos mais específicos, como para confirmar infecções recentes ou em bebês nascidos de mães vivendo com HIV. Esse teste detecta o próprio material genético do vírus no sangue.
  4. Autoteste: Disponíveis para serem comprados em farmácias e através de programas de saúde pública, os autotestes de HIV permitem que a pessoa colete uma amostra de saliva ou sangue (através de picada no dedo) em casa e faça o teste sozinha, recebendo o resultado em poucos minutos. No entanto, se o resultado for positivo, é necessário realizar um teste confirmatório em um centro de saúde. Ele funciona como um pré teste.

Saiba quais são os principais exames de seguimento: Carga Viral e contagem de linfócitos T CD4

O acompanhamento regular de pessoas vivendo com HIV inclui diversos exames de sangue e ois deles são essenciais e indispensáveis: a carga viral e a contagem de linfócitos CD4.

Esses exames são fundamentais para monitorar o estado da infecção, a eficácia do tratamento e o estado geral do sistema imunológico.

  1. Carga Viral: Esse exame mede a quantidade de cópias do vírus do HIV no sangue. A carga viral indica o quanto o vírus está se replicando no corpo.

A meta do tratamento com TARV é reduzir a carga viral a níveis indetectáveis, o que significa que o vírus está presente em quantidades tão pequenas que não pode ser detectado pelos exames e, consequentemente, não pode ser transmitido a outras pessoas

A carga viral alta indica que o HIV está se replicando ativamente e pode ser um sinal de falha no tratamento ou de que a pessoa não está tomando corretamente à medicação. Por isso, é importante monitorar regularmente a carga viral para garantir que o tratamento está funcionando.

  1. Contagem de Linfócitos T CD4: O exame de CD4 mede a quantidade de linfócitos T-CD4 no sangue, por milímetro cúbico de sangue.

O nosso corpo é protegido por milhões de células que têm a função de nos defender contra doenças e manter o organismo funcionando bem.

Entre essas células estão os linfócitos T CD4 que são muito importantes na organização da defesa do corpo. O vírus do HIV se liga a uma parte da célula CD4 e, ao entrar, começa a se multiplicar, enfraquecendo o sistema de defesa do corpo.

Quanto mais alto o número de CD4 mais forte está o sistema de defesa do corpo. O resultado é dado por milímetro cúbico de sangue.

Uma contagem de CD4 abaixo de 350 células por milímetro cúbico de sangue é um indicativo de que o sistema imunológico já está comprometido e é o que caracteriza o estágio da AIDS. 

Como é feito o tratamento do HIV?

O tratamento do HIV evoluiu muito desde os primeiros casos relatados nos anos 80.

Desde 1996 o tratamento é o uso da terapia antirretroviral (TARV), que envolve o uso de uma combinação de medicamentos que atuam na replicação do vírus. 

Existem diversos tipos de medicamentos antirretrovirais que agem em diferentes estágios do ciclo de replicação do HIV.  

Com o tratamento as medicações reduzem a carga viral a níveis muito baixos (que chamamos de indetectáveis) no sangue e isso significa que a pessoa com HIV pode ter uma vida plena, longa e saudável, com o tratamento adequado.

Hoje, pessoas que vivem com HIV e seguem corretamente o tratamento podem alcançar uma expectativa de vida semelhante à de pessoas que não vivem com o vírus, sem desenvolver AIDS.

A retirada de medicamento acontece, no pais todo, de maneira gratuita pelo SUS, em farmácias especializadas.

Três pontos fundamentais para o sucesso do tratamento do HIV 

  1. Medicamento adequado: A escolha do antiretroviral adequado é o que guia o início do tratamento do HIV. A maioria das pessoas inicia o tratamento com uma combinação de três medicamentos de classes diferentes, o que ajuda a prevenir a resistência ao vírus.
  1. Adesão ao Tratamento: Para que o tratamento seja eficaz é extremamente importante que a pessoa tome os medicamentos diariamente, conforme prescrito. A adesão ao tratamento é um dos maiores desafios, mas é também a chave para suprimir o vírus, evitar o avanço para a AIDS e garantir a qualidade de vida.
  1. Monitoração e acompanhamento: O acompanhamento médico regular inclui diversos exames, entre eles de carga viral e contagem de células CD4, que monitoram a eficácia do tratamento e o estado do sistema imunológico.

Indetectável = Intransmissível. O que isso quer dizer? 

Um conceito muito importante para as pessoas que vivem com HIV é I = I. É necessário que todas as pessoas saibam disso.

“Indetectável = Intransmissível” (I=I) refere-se ao fato de que pessoas vivendo com HIV, que estejam em tratamento adequado há pelo menos 6 meses e que mantêm uma carga viral indetectável (abaixo de 200 cópias) tem chance zero de transmitir o vírus do HIV para os seus parceiros sexuais. 

Quando uma pessoa está em tratamento antirretroviral (TARV) e a carga viral é reduzida a níveis tão baixos que não pode ser detectada por exames padrão, isso significa que o HIV está sob controle e a probabilidade de transmissão durante relações sexuais desprotegidas é inexistente. Em qualquer tipo de relação sexual a chance é nula.

 Essa descoberta tem sido fundamental para diminuir o preconceito e o estigma associados ao vírus do HIV e para encorajar a adesão ao tratamento, pois é uma forma de diminuir a taxa de transmissão. I = I reforça a ideia de que viver com HIV não impede a construção de relacionamentos saudáveis e seguros.

Estigma e Preconceito

Ao longo dos últimos 40 anos, desde a identificação do vírus do HIV, o estigma e o preconceito sempre cercam as pessoas que vivem com o vírus. 

Apesar dos avanços no tratamento e no entendimento sobre o HIV, ainda hoje em dia, no ano de 2024, muitas pessoas que vivem com HIV ainda enfrentam discriminação no trabalho, em seus relacionamentos e até mesmo nos serviços de saúde.

Esse estigma é amplamente alimentado pela desinformação e pelo medo, reforçando equívocos sobre as formas de transmissão e sobre o perfil das pessoas que podem ser afetadas.

O estigma apareceu junto com o vírus e não sofreu nenhuma modificação importante desde então. 

Desconstruir o estigma em torno do HIV passa pela educação, pelo diálogo aberto e pelo entendimento de que viver com HIV não define quem a pessoa é.

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